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domingo, 28 de agosto de 2011

É o que penso...

Cada macaco no seu galho...
Em uma rápida avaliação da atual conjuntura da segurança pública  é fácil perceber que há alguns pontos que precisam ser discutidos mais a fundo, e uma das coisas que mais me chamou atenção é o fato do Estado insistir em implantar uma política pública e utópica de integração entre as forças de segurança, principalmente entre Polícia Civil e a Polícia Militar, sem antes resolver alguns problemas e dificuldades que emergem quando da tentativa de juntarmos esforços para combater a criminalidade.
Como podemos pensar em um trabalho integrado se ainda há uma grande rivalidade e muitas divergências no que tange as atribuições legais de cada instituição? Para haver uma verdadeira integração, cada instituição tem que fazer a sua parte e somente a sua. Parte essa atribuída pela nossa carta maior a CF/88, no seu Art. 144 onde trata dos órgãos da segurança pública e delimitou as atribuições de cada instituição e assim o fez para que possamos alcançar o máximo de eficiência e eficácia o desenvolvimento de nossas funções.
O que vemos hoje é apenas um ensaio do que deveria ser. A Polícia Civil fortalecendo sua identidade e desencadeando várias operações por todo o Estado, prendendo criminosos e apreendendo drogas e armas por meio do trabalho investigativo e de inteligência, e uma Polícia Militar nas ruas e atuante, reprimindo o crime e passando uma sensação de segurança para a população, realizando diversas blitz e abordagens com várias prisões e apreensões de diversas armas e drogas. Mas nem sempre é assim, pois ainda vemos também uma PM revestida de funções de polícia judiciária e investigativa e uma PC ostensiva e fardada, e muitas vezes até realizando rondas como se uma polícia administrativa fosse.
Desde criança aprendi que nosso corpo é formado por diversos membros e vários órgãos e que cada um tem uma função muito importante para o funcionamento do todo, e assim como é o  nosso corpo, é o corpo da “Segurança Pública”. Existem vários órgãos cada um com sua função definida em lei, se cada um fizer o seu trabalho com eficiência todo corpo colherá os benefícios, mas se um fraquejar, todo corpo também sentirá e, o pior ainda não é isso, o pior é, quando um órgão insiste em fazer o trabalho do outro. Imagine se no nosso corpo uma mão resolvesse virar pé, seria um desastre não é? Ou se o olho falasse para a boca que a partir daquele dia todo alimento seria ingerido por ele. Parece um absurdo mas, é bem assim que está acontecendo com as nossas polícias, e eu não estou aqui falando em capacidade mas, em competência definida por lei, pois sei que nos quadros da briosa PM existem pessoas qualificadas e que amam o trabalho investigativo, como sei também que na aguerrida PC existem homens e mulheres que tem o perfil militar e que amam o policiamento ostensivo. Entretanto, temos que pensar como um corpo com funções distintas e típicas para cada órgão, pois se assim for, teremos maior eficiência no desempenho de nossa árdua missão.
Destarte, vale ressaltar que; diferente do nosso corpo, em nossa vida e carreira profissional temos a capacidade de mutação e de escolha, que são asseguradas por meio de concursos públicos. É como se um olho, cansado de ser olho prestasse concurso para ser boca ou nariz, e sendo aprovado receberia toda formação necessária para o desempenho da nova função, porém, sabemos que para nosso corpo isso é impossível, mas, para o corpo da Segurança Pública não só é possível como é recomendável que cada profissional procure fazer o que mais lhe agrada, obedecendo é lógico todos os ritos deliberados em nosso ordenamento jurídico, cumprindo cada etapa de um processo seletivo e recebendo treinamento específico para o desempenho de nova função e que assim, e só assim possa exerce-la de maneira correta, eficiente, eficaz e balizada em leis e princípios constitucionais.
Todavia, enquanto assim não for, sugiro: é melhor “cada macaco no seu galho”. De forma que cada um exerça sua função com zelo, amor e responsabilidades inerentes e necessárias ao perfeito cumprimento das atribuições de cada cargo do nosso sistema de segurança, e só assim quando essa consciência estiver norteando cada dia de trabalho de nossos policiais, seja ele PM ou PC, o processo de integração será o único e inevitável caminho a se trilhar.
Milton Ramalho - APC

Um comentário:

Rômulo Lima disse...

Não só concordo como gostaria de parabenizar a atitude do amigo em colocar no papel o pensamento de muitos colegas. O pensamento está correto, devemos agregar o que de melhor fazemos para realizarmos um bom trabalho.