Brinco, quando menino,
Da
velha “polícia X ladrão”
Corro,
prendo o vilão
Gosto,
penso ter ‘tino’
Visualizo
o destino
Dentro
de uma viatura
Vivendo
na captura
Dos
que só fazem o mal
Pronto,
estou decidido
Quando
estiver crescido
Quero
ser policial!
Cresço,
estudo e passo
Nas
provas da seleção
Estou
na corporação
Agora
é correr pro abraço
Me
esforço, de tudo faço
Dou
o melhor de mim
Dia,
noite, enfim
Vivo
só vibração
Com
o sonho realizado
Cumpro
de muito agrado
A
minha nova missão
Prendo
duas, três, cinco
Dez
pessoas por dia
Sou
um barril de energia
Trabalho
com muito afinco
Contra
bandido eu não brinco
‘Cair
pra cima’ é meu lema
Meu
inimigo que trema
Ao
me encontrar em combate
Devo
atuar com perícia
Ética,
altivez e malícia
Antes
que ele me mate
Mas
o tempo vai passando
A
vida ficando ‘real’
Até
que o policial
Aos
poucos vai se esgotando
Com
tanto ‘mando e desmando’
Desleixo
pra todo lado
Aqui,
acolá processado
Reclames
da sociedade
Sem
a mínima estrutura
Sob
sutil ditadura
Sem
me expressar de verdade
Sem
armas, sem munições
Sem
o apoio estatal
Se
morro, sou funeral
Se
mato, vêm punições
Se
faço aquelas prisões
A
quem eu não deveria
É
certo no outro dia
Me
aparecer reprimenda
Aí
não dá; não aguento
Crio
um perfil violento
Embora
depois me arrependa
Penso
por um instante:
“Brinquei de sonhar errado
Tarde, vi-me enganado
Pelo destino frustrante”
Sinto
um repugnante
Arrependimento
sombrio
Homem
de morto brio
Mágoas
sem precedentes
Traído,
ludibriado
‘Psico-asfixiado’
Tal
qual morreu Tiradentes...
É
depressão passageira
No
fundo, amo o que faço
Sou
o mais forte braço
De
uma nação ordeira
Caminho
na mesma esteira
Da
busca incessante da paz
Cometo
pecados, mas
Combato
heroicamente
Maníaco,
ladrão, latrocida
Nessas
horas da vida
Que
nome lhe vem à mente?...
É,
é pouco a comemorar
Mas
tenho fé na mudança
Creio
[como na infância]
Que
um dia irei expressar
Dizer,
difundir, gritar
Com
força batendo no peito
Um
profissional satisfeito
Honrado
pelo País
Quando
estiver crescido
Quero
dizer decidido
Sou
POLICIAL. Sou feliz!