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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Por que alguns policiais não prendem quase ninguém?

Um artigo-desabafo para mostrar ao leitor que não basta querer ser policial. 



Se como ‘pessoa’ ninguém é igual a ninguém, como profissionais os seres humanos também são diferentes. Cada um pensa de um jeito. E faz do seu jeito. Que se dane o mundo.  O que vale é a tese dele e pronto.
Vejamos os profissionais da segurança pública. Existem os radicais. Aqueles que, se deixar, prendem até um moleque passa-fome que roubou uma coxinha num boteco qualquer. Querem cumprir a lei, mas esquecem que nem sempre o ‘certo’ é o justo.
Depois vêm os operacionais. Não atuam com radicalismo, mas gostam da adrenalina e a sensação do dever cumprido. Treinam, lutam, se esforçam, buscam capacitação, investem do próprio bolso. Pensam em fazer sempre o melhor de si.
Daí partimos para os moderados. Não são muito aficionados nessa história de sair prendendo gente. Se tiver de prender, prendem. “Se rolar, rolou”; “se mexer com a gente, a história é outra”; “deixa acontecer naturalmente”. Vivem numa transição entre o dever e a razão. Gostam da profissão que abraçaram, mas prestam mais atenção no mundo ao seu redor e vêem que ‘a coisa não é bem assim’...
Logo atrás vêm os conhecidos como ‘balaios’. Não estão nem aí pra nada. “Que se dane o mundo, eu quero é meu salário no fim do mês!” Não compram roupas nem equipamentos de segurança, pois “isso é obrigação do estado!” (que na verdade é mesmo).
Não nos esqueçamos dos corruptos, que, neste caso, também se diferenciam. Muitos querem apenas completar sua renda de alguma forma. Outros são capazes de tudo para levar a vida que sempre sonharam.
Existem outros e outros ‘modelos’ de policial. Porém, para a sociedade, o pior de todos é o DESILUDIDO. Este ingressa na corporação com uma bomba atômica pronta para explodir sobre o crime. Começa sua missão como um radical, mas depois de responder a uns três processos (e pagar a advogados com seu minguado salário) ‘cai’ para a categoria operacional.
Muitos conseguem se manter aí. Outros passam a ler mais do que deveriam (sobre política, psicologia, sociologia, antropologia, etc.) e ‘descem’ ao batente do moderado. “Se rolar, rolou, mas eu quero é sossego”.
Geralmente, os da moderação arranjam outra atividade em que se ocupar. Perderam o tesão de outrora. E daí para a ‘balaiada’ é um passo.
Menos mal. Pior é quando o sujeito entrega os pontos e passa a onerar quem não tem nada a ver com sua tragédia. O que começa nuns trocados pode virar vício. E acabar prejudicando ele mesmo.
E o desiludido?
Ah, esse é o pior de todos. É o fundo do poço. Simplesmente porque, muitas vezes, passou por todos os níveis citados acima. Começou com a ‘bomba’ a todo vapor, viu que não dá certo e se contentou com a operacionalidade.
Depois o tempo se encarregou de abrir mais sua cabeça. Ficou mais maduro, moderado e, sem perceber, já estava um ‘balaio’. Quando tem personalidade forte, não se entrega à corrupção, embora seus anos de leitura no período da moderação lhe ensinaram que “cada caso é um caso” para chamar um policial de corrupto (“não é bem assim”...).
Num belo dia, esse candidato a policial desiludido abre os jornais e ver que “Réus do mensalão terão algumas de suas penas prescritas antes do fim do julgamento, ainda sem data para terminar”. Se o leitor deseja uma indigestão ainda hoje, é só copiar e colar no Google o trecho em negrito.

Que diabos eu estou fazendo aqui?
Não basta ser policial. Não basta fazer sua parte. No país da imoralidade, ninguém tem moral para culpar policiais pelo status quo da corrupção. O policial desiludido é o mais inútil à sociedade. Mas nem sempre é culpa dele.
Entre a ‘boina’ e o firmamento, existem coisas que nem Freud explica.
Só resta a desilusão.   

fonte: paraibaemqap

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